Estruturas
e processos de formação das palavras
Estamos em constante
contato com as palavras, seja através da escrita ou da oralidade. Há
oportunidades de conhecer novos vocábulos através do contato com as pessoas e
das leituras, porém não analisamos como se formam e como são as estruturas das
palavras, simplesmente utilizamos sem nos atermos a essa questão.
Para compreender como
ocorrem os processos básicos pelos quais se formam as palavras é importante
estudar os elementos que as constituem, os morfemas. Segundo Cunha e Cintra
(2008, p.90), os morfemas são as unidades
significativas mínimas que, ao se unirem, compõem cada palavra,
formando um todo semântico. Existem diferentes processos relativos à construção
de um novo vocábulo.
Os morfemas, partes
mínimas das palavras são os radicais
e afixos.
Os
radicais - são os núcleos de significado das palavras e permanece
intacto quando a palavra é alterada. Exemplos: terra, terreno, terreiro. Entretanto, pode ocorrer
mudanças em algumas palavras, como por exemplo: dormir-durmo, querer-quis. Vale
ressaltar ainda, que as palavras compostas por dois radicais recebem a
denominação de palavras compostas como, por exemplo: passatempo.
Os
afixos - são elementos que se unem ao radical para a
construção de novas palavras. Podem ser classificados como prefixos e sufixos:
·
Os prefixos - são elementos colocados
antes do radical. Como por exemplo: Subsolo, Hipertensão.
·
Os sufixos
- são elementos colocados após o radical. Como por exemplo: Beleza, Felizmente.
A vogal temática é o elemento que se junta ao radical de um verbo
ou de um nome para fazer uma ligação entre a vogal e a desinência. O radical
acrescido da vogal temática recebe o nome de tema. Um exemplo é o verbo cantar,
que possui o radical cant- (cantador, cantor, cantável),
a desinência é –r. Na língua portuguesa não é possível fazer a ligação
de cant- + -r, pois é necessário acrescentar mais um elemento,
que é a vogal temática. Então temos: Cant- (radical); Canta- (tema,
que é radical+vogal temática); e cantar (tema + desinência).
As vogais temáticas identificam as conjugações verbais como: Em – a -
verbos da primeira conjugação (falar, cantar). Em – e - verbos da
segunda conjugação (beber, vender) e em – i - verbos da terceira conjugação
(partir, sair). O Tema é constituído
do Radical + vogal temática ou desinência nominal. Como por exemplos: Falar; Tremer; Exibir.
As vogais e consoantes de ligação intercalam-se na palavra,
normalmente entre o radical e o sufixo ou entre radicais, em algumas palavras
compostas, para facilitar a pronúncia.
Veja os exemplos: pau/l/ada,
cha/l/eira,
café/t/eira (são consoantes de
ligação). Café/i/cultura, (são vogais de ligação).
Desinência
- são elementos que ao serem acrescentados no radical indicam gênero e número
para desinência nominal e expressa modo, tempo e pessoa para desinência verbal
(usado somente em verbos). Exemplos: Cachorro - cachorra; funcionários -
funcionárias.
Assim
como vimos as estruturas das palavras, estudaremos os processos de formação. No
processo de criação das palavras são utilizados diferentes recursos,
conhecê-los é importante não apenas para compreender a estrutura interna dos
vocábulos, mas também para entender como os diferentes processos de formação
interferem no sentido dos enunciados.
A formação das palavras
ocorre por dois processos básicos: a derivação e a composição. A
diferença reside no processo de derivação,
que parte de um único radical, enquanto em composição
haverá mais de um radical.
A derivação - consiste na formação de palavras novas (derivadas) a
partir de palavras já existentes na língua (primitivas). Existem diferentes
tipos de derivação: prefixal ou prefixação, sufixal ou
sufixação, parassintética ou parassíntese,
regressiva e imprópria ou conversão.
Vamos
compreender melhor esses processos:
·
Derivação prefixal
- ocorre quando há acréscimo de um prefixo a um radical.
Ex: Infiel (inf + fiel) > (prefixo+radical).
Desleal (des+leal) >
(prefixo+radical)
·
Derivação sufixal - ocorre
quando há acréscimo de um sufixo a um radical.
Ex: Felizmente (feliz+mente) > (radical+sufixo)
Espaçosa (espaç+osa) > (radical+sufixo)
·
Parassintética
- ocorre quando há acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo a um radical.
Ex: Entardecer (em+tard+ecer) > (prefixo+radical+sufixo)
Empalidecer (em+palid+ecer)
> (prefixo+radical+sufixo)
Atenção:
Para
que haja a derivação parassintética é necessário o acréscimo
do prefixo e do sufixo ao radical, feito isso iremos compreender se ocorreu a
parassíntese, basta retirar o prefixo ou o sufixo e verificar se a forma que
sobrou constitui uma palavra existente na língua. Se a forma que sobrou não
tiver sentido, a palavra foi formada por derivação parassintética. Uns dos
exemplos são: (en)tristecer –
tristecer. Ambas as palavras são inexistentes na língua: entrist(ecer) – entrist. Portanto a palavra entristecer foi
formada por derivação parassintética. Caso a forma que sobrou da
eliminação do prefixo ou do sufixo seja uma palavra existente na língua, terá
sido formada por derivação prefixal e sufixal. Como por exemplo: (in)felizmente: felizmente é palavra
existente na língua. Infeliz
(mente): infeliz é palavra existente na língua. Portanto a palavra infelizmente foi
formada por derivação prefixal e sufixal, ou seja,
acréscimo não simultâneo de prefixo e sufixo.
·
Regressiva
- ocorre quando a palavra nova é
formada pela redução da palavra primitiva. Esse tipo de derivação forma
substantivos a partir de verbos. Segue uns exemplos: Palavra primitiva: chorar,
combater, criticar, castigar. Palavra
derivada por derivação regressiva: choro,
combate, critica castigo.
·
Imprópria -
ocorre quando há mudança da classe gramatical de
uma palavra primitiva sem
alterar sua forma. Exemplo: O jantar estava ótimo. (A palavra
jantar é um verbo, mas na frase funciona como substantivo).
Ninguém entendeu um o porquê da
discussão. (A palavra porque é
uma conjunção, mas na frase funciona como substantivo).
Composição
-
Ocorre quando a palavra é formada pela
união de dois ou mais radicais. A composição pode ocorrer por justaposição ou por aglutinação.
A
justaposição ocorre quando não há alteração dos radicais que se unem.
Exemplos como: passatempo, pé-de-moleque, couve-flor, pontapé, amor-perfeito,
bem-te-vi, flor-de-maio, guarda-costas, girassol, passatempo, porta-bandeira,
quebra-cabeça, sexta-feira, vaivém etc.
Já a aglutinação ocorre quando há alteração em pelo menos um dos
radicais que se unem. Como por exemplo: planalto (plano + alto), embora (em +
boa + hora), aguardente (água + ardente, etc.